Adversário ou Competidor ? – por Claudia Franco

lululemon aDo que você seria capaz para chegar a um pódio?

Quanto vale uma posição de destaque no palco das premiações?

Sempre ouvi histórias a respeito de atletas de má fé, que fazem qualquer coisa para conseguir uma posição no pódio. Mas é duro pensar que um esportista é capaz de agredir ou provocar um acidente com o outro competidor na incerteza de conseguir um lugar ao pódio. Digo incerteza, pois em uma competição nunca se sabe o que poderá acontecer nos metros seguintes.

No dicionário adversário e competidor são sinônimos, porém a palavra adversário me soa muito mais forte, como um rival, como aquele que vai cercear a sua conquista e que precisa ser eliminado para que você mantenha a sua posição.

Já competidor tem um tom ameno, referindo-se aquele que disputa contigo alguma coisa e que não necessariamente precisa ser eliminado para que você conquiste aquilo que quer.

Quando um atleta, durante uma competição, encara outros atletas como adversários e deixa vir à tona o sentimento de violência o resultado certamente não será bom para ninguém, principalmente para aquele que for o seu alvo de disputa.

O potencial biológico da violência existe no ser humano, mas esse potencial mudou bastante durante a sua evolução, principalmente desde que o homem saiu de seu ambiente natural e passou a construir seu habitat. Essa mudança de ambiente teve sérias consequências. Por exemplo: Numa briga entre lobos, o perdedor oferece o pescoço. O gesto é suficiente para desencadear automaticamente uma série de reações fisiológicas no vencedor que aplacam a sua ira. Nos animais de uma mesma espécie, a expressão de medo e submissão costuma provocar esse efeito calmante. Mas os homens, como se sabe, são capazes de matar sem se abalar pelo olhar de súplica de suas vitimas.

O que distingue o homem dos outros animais e permite, apesar de tudo, a vida em sociedade é a sua capacidade de governar suas emoções.

Não basta um atleta estar bem preparado fisicamente para uma competição. Ele precisa ser e estar preparado emocionalmente. Precisa conter suas emoções principalmente quando se percebe superado por outro competidor.

Quando um atleta usa de violência contra outro é muito ingenuidade afirmar que este atleta agiu por instinto biológico, pois aí o que agiu foi a sua cultura, a falta de educação desportiva e o gosto por vencer a qualquer custo.

Ao atleta cabe entender que nem sempre adversário é sinônimo de desafeto, apenas representa a parte contrária em uma disputa.